domingo, 29 de agosto de 2010

Manifestação pró-saraui interrompida por violência da polícia marroquina
Activistas espanhóis “espancados” e detidos no Sara Ocidental
29.08.2010 - 19:26 Por Sofia Lorena (Público)
Dizem que a polícia marroquina os interpelou – eram 14 ao todo, três fugiram – e a seguir os impediu de deixar a cidade ou de sair à rua até à partida, marcada para hoje às 22h00 num barco com chegada prevista a Las Palmas às sete da manhã.
“Recebi algumas imagens por Internet e percebi que alguns sofreram mais golpes do que outros, mas todos foram espancados, com paus, cassetetes e pontapés, muitos pontapés quando já estavam no chão”, descreveu ao PÚBLICO por telefone Carmelo Ramírez, presidente da Federação das Instituições Solidárias com o Sara, que passou o dia ao telefone com os activistas detidos no sábado e interrogados até às cinco da manhã de domingo, altura em que puderam deslocar-se até à Casa de Espanha de El Aaiún.
Foi-lhes dito em seguida que estavam em “detenção domiciliária”, afirmaram alguns aos jornais espanhóis. O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Madrid desmentiu que fosse esse o caso – mas enviou um funcionário do corpo diplomático para negociar a libertação na capital sarauí. A polícia marroquina “disse-lhes que não podiam sair à rua”, explicou Ramírez.
O defensor de décadas do direito à independência do Sara descreve o que o que aconteceu a estes activistas como “banal”: “Em todo este processo, isto acontece com muita frequência. Agora é a primeira vez que acontece com um grupo de espanhóis porque foram espanhóis a fazer o protesto e não sarauís. Marrocos reagiu como se fossem”.
Os activistas, disse ainda o canário Ramírez ao PÚBLICO, passaram ontem o dia com “dores no corpo todo”, dores que tiveram de “aguentar”. Segundo explicaram por telefone a Ramírez, a polícia chegou a levar os mais magoados ao hospital, durante a noite, “mas depois tirou-lhes as receitas que os médicos lhes deram e eles não puderam medicar-se”.
As denúncias de agressões a sarauís não são raras e há muitos presos políticos nas prisões. À independência que a ONU decidiu referendar e nunca conseguiu, Rabat contrapõe propostas de autonomia para a ex-colónia espanhola de que se apoderou em 1975.

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