terça-feira, 20 de outubro de 2009

(JN) 19.10.09 A anunciada fusão entre a Associação Empresarial de Portugal (AEP) e a Associação Industrial Portuguesa (AIP) ainda é uma história mal contada. Sendo que o que já se sabe assenta em dois equívocos. O primeiro é o de que os patrões têm de falar a uma só voz. Estranho argumento que, a ser levado à prática noutros sectores e actividades do país, nos conduziria, aí sim, para a "asfixia democrática". Poderíamos sempre defender, a seguir, a criação de uma central sindical única, porque há toda a vantagem em que os trabalhadores falem a uma só voz; e evoluir, depois, para um regime de partido único, para que todo o país falasse a uma só voz. Bastaria um a pensar e a falar por todos. Como pelos vistos pretendem os patrões.
O segundo equívoco, mais grave, porque é para levar mais a sério, é o de que, falando a uma só voz, a voz dos patrões tem de estar bem instalada em Lisboa. Para citar o presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários, Francisco Balsemão, "o diálogo institucional sai beneficiado com a proximidade dos centros de decisão". Resumindo, e seguindo esta brilhante linha de pensamento, a mesma que conduziu à anunciada fusão, em vez de lutarmos contra o centralismo quase fascista que se instalou em Portugal, devemos render-nos de vez às evidências e ao facilitismo e mudarmo-nos todos para a capital de armas e bagagens. Porque é mais fácil tratar de qualquer problema, seja ele empresarial, de saúde, laboral, autárquico, cultural, social, se estivermos próximo dos centros de decisão. Que estão na capital. Que belo país teríamos. Finalmente o sonho concretizado: o país seria Lisboa, o resto paisagem.

1 comentário:

BRISADAREOSA disse...

E assim vai o Norte perdendo as suas bandeiras. Foram os bancos, as seguradoras, etc, etc. Mas há uma que nunca perderá.