sábado, 29 de agosto de 2009

Como num comboio a vapor, devagar lá vamos chegando
Abel Coentrão (Público) Local Porto 29.8.09
O mesmo Governo que há um ano fazia depender do interesse de privados a reabertura do troço Pocinho-Barca de Alva da Linha do Douro, diz agora que a obra de reabilitação do canal deve ser feita já, para posterior concessão a interessados, se os houver, para fins turísticos. E a mesma empresa que há pouco mais de um ano escandalizou os autarcas da zona ao propor-lhes transformar os 28 quilómetros de via-férrea numa ecopista, vai agora encabeçar uma candidatura a fundos comunitários para uma obra de reabilitação que deixa aquela parte da linha em melhores condições do que a que hoje funciona entre o Marco e o Pocinho.
A diferença, podemos pensar, é que este "agora" está a um mês de eleições. Mas, no caso em apreço, a mudança de atitude, fixada em protocolo que congrega a vontade de instituições locais, regionais e nacionais, parece ter condições para sobreviver ao frenesim eleitoralista do Ministério das Obras Públicas e manter-se à tona. Ainda que este Governo se afunde, e um outro, assustadoramente contido na hora de investir, pelo discurso lacónico da líder, lhe tome o lugar. Os mais cépticos, desconfiarão. Mas, em verdade, graças a um trabalho mediaticamente quase invisível da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDRN) e da Estrutura de Missão do Douro liderada por Ricardo Magalhães, o anseio de muitos cidadãos e de um conjunto de autarcas que, infelizmente, raramente são ouvidos por terem poucos votos na mão, ganhou dimensão regional. E importância.
Demorou mais de quatro anos, mas autarcas, movimentos, Estrutura de Missão do Douro e CCDRN conseguiram que o Governo percebesse o óbvio: que não estamos a falar apenas da reabilitação de um pedaço lindíssimo do nosso património ferroviário, mas de pôr a funcionar uma peça estrutural para fazer do Douro o mais singular dos destinos turísticos do país. Que Allgarves há muitos, por esse mundo fora.
O que é preciso agora que fique bem assente é que não trata de perceber se, com mais ou menos comboios turísticos a circular, o troço vai ser rentável. O que é rentável, numa região como esta, é integrar o que ali for oferecido com tudo aquilo o que o Douro tem, e pode ainda vir a ter, para oferecer. O que implica, de facto, incluir no projecto os agentes turísticos privados. Empresários que, perante uma linha já recuperada, mais facilmente se atirarão ao negócio. O que me faz acreditar que não estará longe o dia em que regressarei à beleza escondida de Almendra... a bordo de um comboio.

1 comentário:

RENATO DE ARGIVAI disse...

Não quero comentar aqui a velocidade do vapor ou do comboio do douro e assuas implicações turisticas, mas quero apenas felicitar o "velho camarada" Pedro Baptista pelo seu blog onde já tenho feito multiplas intervenções, e pelo serviço que presta e tem já prestado ao partido socialista, em especial aos militantes socialistas da distrital do porto...Nada de muito importante tenho contra a minha concelhia que é a Póvoa de Varzim, nem contra os actuais detentores da máquina partidária na distrital do porto, nem em nenhum outro orgam ou entidade do partido..mas quero aqui discutir pela positiva, que este blog , que eu já começo a ter dificuldade de acompanhar tal é avelocidade a que circula é um importante veiculo de comunicação do PS...muito do que devia ser de imediato e em primeira linha dado a conhecer e a saber aos militantes enconto aqui e não nos adequados meios...principalmente os desconcentrados ou descentralizados, já que regionalização mesmo dentro do partido...Népia!!!