quinta-feira, 18 de junho de 2009

Nova Esquerda é um movimento que junta alegristas e vai assumir a forma legal de partido
(Público) 18.06.2009, São José Almeida
Chama-se Nova Esquerda. Vai organizar-se e funcionar como movimento, mas legalmente ficará inscrito como partido no Tribunal Constitucional. É apresentado amanhã em Lisboa. Junta os alegristas que ficaram descontentes com a decisão de Manuel Alegre de não sair do PS. Alexandre Azevedo Pinto, porta-voz da comissão promotora, explicou ao PÚBLICO que o novo movimento junta pessoas que estiveram com Alegre na candidatura a Presidente e que "não querem ver perdido o capital de esperança" que ela representou.
Os promotores são cerca de 200 pessoas que saem do PS ou do Movimento de Intervenção e Cidadania. A tarefa imediata é recolher as cinco mil assinaturas necessárias para formalizar o movimento no Tribunal Constitucional como partido. Os promotores acreditaram até ao último minuto em que Alegre romperia com o PS e ocupariam o espaço que consideram ser o espaço natural do ideário e do discurso do ex-candidato presidencial. E defenderam-no mesmo num documento divulgado antes de Alegre anunciar que ficava no PS (PÚBLICO (13/5/2009).
O novo movimento-partido, segundo o seu porta-voz, pretende ocupar o espaço sociológico que foi criado pela candidatura presidencial de Alegre e que depois se confirmou na candidatura à Câmara de Lisboa de Helena Roseta e que Alexandre Azevedo Pinto classifica como "um buraco negro que não está preenchido". O Bloco de Esquerda tem, de acordo com Azevedo Pinto, tentado ocupá-lo, mas não é o seu espaço natural.
Entre os objectivos pelos quais os promotores decidiram avançar está o "desejo de contribuir para mudar o sistema político", afirma Alexandre Azevedo Pinto, que sublinha o divórcio entre os eleitores e os partidos: "Cerca de setenta por cento dos eleitores não votam nos actuais partidos: some-se a abstenção, os votos brancos e os nulos. Isto é preocupante e queremos dar o nosso contributo.
"Outro objectivo do novo partido-movimento é "contribuir para a revitalização e transformação da esquerda em Portugal", declarou Alexandre Azevedo Pinto ao PÚBLICO. "Tal como Manuel Alegre já disse, a esquerda em Portugal tem de ser alternativa e tem de procurar um projecto de governo alternativo", defende Alexandre Azevedo Pinto, que especifica que este projecto "tem que ser alternativo ao projecto que a esquerda portuguesa hoje defende, tem que ser um projecto clarificador e que traga os cidadãos à política.
"O porta-voz da Nova Esquerda sublinhou que "o sistema tem de ser mudado, para que as pessoas se revejam nele", e concluiu: "Não podemos viver com a cabeça enfiada na areia e não ligar aos sinais de coma políticos que surgem." Por isso vão avançar mesmo e constituir-se como movimento-partido.

3 comentários:

Primo de Amarante disse...

Talvez esteja aqui o ponto de partida para uma reforma do PS.

Sócrates de lobo mau passou a cordeirinho. Mas já ninguém acredita nesta criatura. Onde Sócrates desempenha um bom papel é na oposição: sabe fazer oposição à oposição.

Para nada vai servir esta sua nova retórica de Santa Teresa do Menino Jesus.

José Silva disse...

Quando a direita se une e engolem sapos vivos, a esquerda como sempre nos últimos 50 anos divide-se e ataca-se.
Não será altura de deixarmos de pessoalizar a política e o PS em Sócrates e tomar medidas para uma convergência à esquerda e derrotar a direita?
Se assim não for, a direita europeia continuará com o neolberalismo recauchutado e quem sofre são os trabalhadores e s mais desprotegidos.
Barak Obama nõ sendo de esquerda, vai no bom caminho, mas sózinho não pode fazer tudo. A UE está desacreditada e não vejo para que se há-de aprovar um tratado que está morto e não serve a mudança que tem de ser feita.
Temos de reflectir e organizar um movimento no Porto que junte as esquerdas.Só assim será possível correr com esta direita da economia de casino que começa a perder a vergonha do que fez durante 25 anos.
Os socialistas, trabalhistas e sociais-democratas que se entusiasmaram com o neoliberalismo têm de dizer o querem para o futuro da Europa.
Os homens BONS têm de falar e unir-se.
Não podemos consentir que esta globalização continue.
O Primo de Amarante tem as suas razões para estar zangado com este PS e com Sócrates. Mas errar é humano.

Sérgio disse...

Tem razão José da Silva. E uma das razões para uma pulverização à esquerda é o Sócrates nem querer ouvir falar de convergências à esquerda. Port enquanto.A outr é fazer uma política de direita, por ser um homem de direita, o que leva a que a esquerda do PS procure outros caminhos. Tudo lógico.