quarta-feira, 20 de maio de 2009

Educação para a delinquência
A notícia veio em tudo o que é jornal e TV: uma professora da Escola EB 2,3 Sá Couto, em Espinho - que dezenas de alunos seus consideram "a mais espectacular da escola" e uma "segunda mãe" - foi suspensa "após afirmações de cariz sexual". A suspensão foi ditada pelo Conselho Directivo depois de duas alunas terem gravado afirmações suas numa aula, alunas que, segundo vários colegas, "fizeram aquilo de propósito e provocaram a conversa toda porque sabiam que estavam a gravar".
A Associação de Pais e a DREN acharam muito bem. Ninguém, nem pais, nem Conselho Directivo, nem DREN "acharam mal" o facto de duas jovens de 12 anos terem cometido um crime (se calhar encomendado) para alcançarem os seus fins. O Código Penal pune com prisão até 1 ano "quem, sem consentimento, gravar palavras proferidas por outra pessoa e não destinadas ao público, mesmo que lhe sejam dirigidas", punição agravada de um terço "quando o facto for praticado para causar prejuízo a outra pessoa". Educadas desde jovens para a bufaria e a delinquência e sabendo que o crime compensa, que género de cidadãos vão ser aquelas miúdas?

10 comentários:

Alberto Martins disse...

Sinceramente nem acredito que seja este o pensamento do Pina e menos ainda que o PB ache relevante este texto para o publicar.
O conselho directivo que acha a professora exemplar estava em eleições e por isso não deu seguimento às queixas dos Pais sobre o comportamento da dita. A direcção da escola foi eleita na passada 2ª feira, provavelmente com o votozinho da professora josefina.
E aquilo que é crime está bem visível nas chantagens e ameaças da senhora professora (querem mesmo que lhe chame vossa colega?????)aos alunos menores. Ficou provado que a dita Josefina teve acesso ao dossier da directora de turma com as queixas. Houve Pais que foram na visita de estudo onde ela deixou os miudos sozinhos no hotel durante a noite. A gravação diz coisas inacreditáveis e vocês dizem que os meios não justificam os fins??????
Já começa a enojar a defesa corporativa da classe dos professores. E se defendem isto da Josefina só se desclassificam perante as razões que tinham noutras reivindicações.
Gostava de vos vêr a usar o mesmo argumento criminal da gravação ilegal quando fizeram isso ao Inglês que falava do Sócrates....
Haja vergonha.

Pedro Baptista disse...

Um dos critérios para a publicação de textos neste blogue consiste em seleccionar os que possam provocar o debate necessário entre os leitores/comentadores.
No caso, fazendo-se um coro condenatório uníssono nos media, mesmo antes de se apurarem os factos, e conhecendo-se os mecanismos psico-sociais em que sempre funcionou a caça à bruxas, embora hesitássemos por se tratar de um decisão no limite e ser um assunto extremamente polémico, pareceu-nos importante relevar tanto o texto do Dr. Pina como o do Mestre João Baptista Magalhães, um homem da filosofia com quase 40 anos de experiência lectiva.
Sendo ainda que,é da maior relevância, independentemente do caso em si, a supina questão educativa colocada pelo M.A. Pina da educação para a bufaria, uma prática que se voltou a sentir assustadoramente na sociedade portuguesa, expressão da mais lodosa baixeza moral e autêntico cancro letal das sociedades democráticas.
O facto do interveniente que se assina como Alberto Martins surgir a expressar o contraditório é sinal de que foi boa a decisão de publicar o texto, pois poderá propiciar o debate e o esclarecimento,o mais necessário na sociedade portuguesa e no Partido Socialista.
Esclareça-se no entanto que não se trata do nosso amigo Alberto Martins, líder parlamentar do PS, de certeza absoluta, pois esse não se nos teria dirigido num comentário com as palavras finais inscritas.

Sérgio disse...

Já se sabe que as TV querem é espetaculo, sangue e lixo.E que a senhora tambem não esta boa da cabeça seja burnou ou seja o que for. E que a educação para a bufaria é um problema. E que este mau ambiente com os profesores é mau para os alunos e para o país.

Manuel Silva disse...

Anda Tudo Nervoso.

Então, não havia outra forma de desmascarar a PROF!


Gravem sempre.

Miguel Castro disse...

É notório que este caso gera alguma controvérsia, no entanto, embora aprecie habitualmente os textos de Manuel António Pina, desta vez não concordo com a opinião manifestada.

Ouvindo a gravação, não restam dúvidas de que a Sra. Professora sofre de perturbações. Se são decorrência da profissão que exerce, é uma situação que não diz respeito aos alunos ou aos pais e em momento algum os pode prejudicar. Basta atentar à forma como explica no que consistiam as “orgias” dos romanos a crianças de 12 anos, repito, “12 anos”, para perceber que algo não bate certo.

Depois, o comportamento em questão só pode ser catalogado de “espectacular” no mau sentido do termo, ou seja, quando o seu objectivo é dar nas vistas (injustificadamente). Creio que sem grande contestação, todos aceitam que numa aula devem ser os alunos e não a professora o centro das atenções.

Para vos ser sincero, o que mais me choca são os comentários ameaçadores da Sra. no que concerne a futuras avaliações, por haver quem discorde dos seus métodos pouco ortodoxos. Isso, sim, é uma manifestação de autoritarismo inaceitável, ainda que cada vez mais comum no nosso País.

Já agora, impõe-se também rebater as acusações de “bufaria”. A meu ver, o que existe nesta situação é uma denúncia legitima, isto porque, aquele comportamento viola, sem pudor, os direitos dos alunos. Neste caso, os fins justificam os meios!

Resumindo, é uma vergonha para a Senhora, para a Escola (se tiver encoberto os factos) e nunca para a classe dos professores, por não dever ser confundida a árvore com a floresta.

M.Machado disse...

O mais grave são sem dúvida as ameaças da professora sobretudo quando diz que é ela que corrige os testes insinuando que pode distorcer subjectivamente a classificação.
Mas a delacção, montando um esquema ilegal, provocando a professora para cair na armadilha e proferir declarações susceptíveis de serem descontextualizadas e usadas nos media, quando havia muitas formas de assumir uma denúncia regulamentar e legal, como tantas vezes ocorre nas escolas, é algo profundamente condenável e que deve ser condenado em vez de apoiado.
Não confundamos a legitimíssima denúncia democrática, com o espírito de delacção em manobras secretas, ilegais e cobardes.
Por outro lado, há que registar que o aproveitamento feito do caso pela opinião mais reaccionária, tratou de colocar no centro da polémica o facto da professora falar de sexo e de intimidades, servindo para o CDS/PP atacar o projecto de educação sexual que há muito devia estar no terreno e defender, como toda a reacção durante todo o Século XX e XXI a liberdade dos pais mandarem os filhos para a escola que quiserem ou seja para os colégios particulares mas com as propinas pagas pelos contribuintes.

Anónimo disse...

Porque taria o Renato Samp+aio de trombas na inaugurcao da sede da Eliza? Seria pelo Ferreira dizer que nao aturava mais o diretor da campanha qué o marido?

M.Machado disse...

A Ministra da Educação vem dizer que faltou uma resposta imediata da Escola. Como se pode produzir tal dislate? Este é o tipo de situações em que não pode nem deve haver uma resposta imediata, mas sim uma investigação calma e aprofundada dos factos, pois há mil histórias e estórias de intrigas e deturpações. Estes casos não podem ser sujeitos a julgamentos populares dos media e dos pais sob pena de se tornarem piores do que caça às bruxas.

Miguel Castro disse...

Caro Manuel Machado,

Compreendo as suas palavras, mas a questão crucial é: como vão duas alunas provar que determinada professora profere aquele tipo de "disparates" constantemente, quando temos a restante turma (talvez por infantilidade) a dizer que a Sra. é espectacular?

Já agora, nenhuma provocação de uma criança de 12 anos justifica tal reacção.

Fique bem claro que não julgo que devamos crucificá-la, até porque não é nada de tão grave que um sincero pedido de desculpas e a promessa de uma mudança de comportamento não possa resolver. Apenas discordo que tentem transformar as vitimas nas más da fita.

Saudações!

Manuel Machado disse...

Caro Miguel:

As alunas tinham muitos meios regulamentares de denunciarem o que se passava e o C.E. muitos instrumentos para averiguar se alguma coisa passava as marcas, se passasse. Instrumentos que passavam sempre por ouvir o resto dos alunos e das diversas turmas da Prof. Josefina. Na prática, aqui é que está a questão. Ouvir todos, averiguar a fundo e pluralmente ou alinhar numa iniciativa a dois que pode ser uma mera intriga, embora seja inquestionável a perturbação da professora. Falta saber porquê.