terça-feira, 17 de março de 2009

Separação de uma turma de meninos ciganos é "intolerável"
(JN) Em Linha 16.3.2009
O vice-presidente do Centro de Estudos Ciganos, Bruno Gonçalves, classificou de "intolerável" a separação de uma turma de meninos ciganos na escola de Barqueiros, em Barcelos.
"À margem da apresentação do relatório da comissão parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura das audições sobre portugueses ciganos, Bruno Gonçalves, que é também mediador sócio-cultural, admitiu apenas a separação entre as várias etnias por "um pequeno espaço de tempo para fazer o diagnóstico da situação das crianças".
Em causa está o facto de uma turma de alunos ciganos daquele estabelecimento estar em aulas separadas num contentor, uma medida que a direcção da escola justificou com o facto de se tratar de jovens que não frequentavam o ensino.
Por isso, foi nomeada uma equipa de professores para os acompanhar, justificou a direcção escolar.
No entanto, Bruno Gonçalves considera que "separar as turmas é intolerável: parece que estão a brincar connosco. Não estamos no século XIX, estamos no século XXI".
O relatório parlamentar, entre outras sugestões, aponta a importância do trabalho de mediadores, nomeadamente em escolas, mas Bruno Gonçalves critica o atraso, em 10 anos, da homologação da carreira de mediador, acrescentando ainda não haver data para a sua concretização.
Segundo o responsável, deverão existir entre 60 a 70 mediadores formados, que estão desempregados, uma vez que quando trabalhavam tinham "contratos muito precários, sem direito a subsídio de desemprego e férias.
Por outro lado, esta situação era agravada com o facto dos mediadores entrarem nas escolas "a meio do ano lectivo. Não fazemos milagres, mas ajudamos a minimizar os problemas".
Existe pouca vontade política, defendeu Bruno Gonçalves, embora recordando os "os milhares de contos investidos pelo Estado na formação".
Na sua experiência passou por quatro escolas e uma Organização Não Governamental (ONG).
Numa escola de Coimbra, Bruno Gonçalves orgulha-se de ter contribuído para reduzir o absentismo escolar.
"O mediador é uma ponte: fala com os pais, vai buscar as crianças para irem à escola e descodifica a linguagem junto dos professores, que não têm formação e desconhecem a cultura cigana", contou.
Defendendo a educação das meninas ciganas, Bruno Gonçalves admite que a comunidade não gosta de ver as jovens casadas fora da etnia pelo que é necessário a introdução de mediadores.
Em muitos casos, como a Segurança Social ou os hospitais D. Estefânia e de Beja, os mediadores têm tido um sucesso assinalável, salientou Bruno Gonçalves, que reclama novas medidas.
"O ACIDI (Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural) tem um novo projecto de mediadores municipais ciganos a implementar em 10 cidades portuguesas. Mas o que eu pergunto é para quando?" - questionou Bruno Gonçalves.

1 comentário:

Primo de Amarante disse...

Sobre isto escrevi o seguinte:

É Uma decisão que define um estilo!
É intolerável a segregação de 17 meninos ciganos, constituindo uma turma colocada num contentor, na escola de Barqueiros, em Barcelos.

A Directora da Educação da Região Norte já nos habituou a um estilo muito especial, que nada tem a ver com o regime democrático, as contribuições que a informação e o conhecimento nos proporcionam no nosso tempo, século XXI.

Não estranhamos, por isso, que considere “discriminação positiva” a segregação conducente ao aumentar dos preconceitos racistas, colocando num contentor feito sala de aula, uma turma de meninos ciganos, isolados dos restantes meninos da escola.

A senhora directora não entende que a positividade da discriminação está no apoio à integração e não na segregação. Podia inspirar-se nas experiências que neste campo são feitas em muitas escolas, com grupos de teatro (eu próprio já participei nisso!), mediadores interculturais, clubes de reflexão ou aulas suplementares para grupos desfavorecidos.

Mas a senhora directora que, como a senhora ministra, foi rapidamente promovida a doutora para integrar o governo socrático, não teve tempo para assimilar o trabalho de inclusão intercultural feito em muitas escolas ao nível da discriminação positiva. E, por isso, interpretou este conceito como colocar os ciganos em contentores e mandar os professores (considerados por este ministério como mulheres a dias) aturá-los.

O princípio de Peter não levaria a melhores decisões.