domingo, 22 de fevereiro de 2009

Como já se sabe que a imprensa lisboeta, que é cada vez mais a única, só enfatizará a escultura do Pessoa no Chiado, saiba-se que Lagoa Henriques, este escultor que se fez grande na Escola de Belas-Artes do Porto e que ontem faleceu, é o autor do fabuloso conjunto escultórico que está no Jardim do Calém desde 1960, no Porto, alusivo à Conquista de Ceuta de 1415 e onde o magarefe, entre o carpinteiro e o marinheiro, separando as tripas, da carne susceptível de ser salgada, terá dado origem ao epíteto, para os portuenses, de "tripeiros".(PB)
Morreu o escultor Lagoa Henriques
22.02.2009 - 10h09 Lusa
O escultor Lagoa Henriques faleceu ontem à noite em Lisboa aos 85 anos de idade, de doença prolongada, informou hoje fonte da sua família
(...)António Augusto Lagoa Henriques, nascido em Lisboa a 27 de Dezembro de 1923, era grande admirador de Pessoa e de Cesário Verde. Dizia que Pessoa tinha sido o seu mestre da realidade interior e Cesário o mestre da realidade exterior, inspirando muitas das suas esculturas, como a do Grupo das Varinas.
O ensino foi outra grande paixão do escultor, que continou a dar aulas e a fazer conferências após completar 80 anos, nomeadamente na Escola de Superior de Belas-Artes do Porto e de Lisboa, e na Universidade Autónoma. Costumava levar os alunos de desenho à rua para que tivessem contacto com o movimento da cidade, as pessoas, os elementos da natureza, aliando o ensino das formas clássicas à descoberta da realidade.
Foi na Escola de Belas-Artes de Lisboa que iniciou os estudos de escultura, em 1945, mas passados dois anos transferiu-se para a Escola de Belas-Artes do Porto, onde teve como referência principal da sua formação artística o professor Barata Feyo.
Finalizado o curso com nota máxima, conseguiu uma bolsa e foi estudar para Itália, orientado pelo escultor Marino Marini.
Esteve ainda em França, Bélgica, Holanda, Grécia e Inglaterra, países onde conseguiu uma visão ampla do ensino do desenho e escultura que viria a introduzir em Portugal. Regressado ao país natal, a sua carreira fica marcada, nos anos 70, pela destruição de um grande número de peças devido a um incêndio que eclodiu no seu atelier, em Lisboa.
Além da conhecida estátua de Fernando Pessoa, deixou muitas obras de arte pública em várias localidades, como o conjunto "União do Lis e Lena", no centro de Leiria, e a escultura de Alves Redol em Vila Franca de Xira, que causou polémica na altura, por ter retratado o escritor nu, apenas com a boina na cabeça. Entre outros, recebeu o Prémio Soares dos Reis, o Prémio Teixeira Lopes, o Prémio Rotary Clube do Porto, o Prémio Diogo de Macedo e o Prémio de Escultura da II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ainda bem que existe alguém no Porto que sabe das coisas...que os jornalistas de Lisboa lamentávelmente não sabem,ou fazem que...só por ser cá na Invicta???.

Anónimo disse...

Até o Primeiro de Janeiro do Porto põe em destaque a estátua do Fernando Pessoa e não fala de nada do que o PB diz.