sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Grupo que avançou com abaixo-assinado fala de um "projecto sem coerência"
(Público) 21.11.2008
Guilherme Blanc não percebe por que motivo o projecto foi espalhado por três espaços distintos da cidade do Porto.
Os jovens têm toda a razão. Estão, mais uma vez, a querer-nos vender gato por lebre, ou seja a tratar-nos como uma colónia. Os portuenses e os nortenhos são vistos cada vez mais pelo poder central (independentemente da cor partidária do governo) como portugueses de segunda. E, já que o nosso amigo Ministro Pinto Ribeiro se está a esquecer de onde passou toda a juventude, vamos lá a ver se algum deputado da AR abre a boca (para dizer o que deve ser dito). Um pólo da Cinemateca Nacional é um reivindicação tão clássica como o Teatro Nacional, ou a Faculdade de Direito, que só se obteve à custa de muita luta, embora a sustentação do primeiro pareça não estar inteiramente consolidada. Não se vê futuro para a educação num país que não invista na cultura. Educação sem cultura como referencial é tecnocracia, pensamento único, inutilidade, lixo. Algo que não paswsaará pela cabeça dos mais recentes poderes. Eis um bom tema para sermos atacados. Pois estamos dispostos ao afrontamento. E ao lado dos avisados jovens (PB)
Foram eles que trouxeram a necessidade de existir um pólo da Cinemateca no Porto de novo para a discussão pública. Um grupo de estudantes, unidos no Circuito, lançou um abaixo-assinado on-line, exigindo um local na cidade onde os portuenses pudessem assistir aos filmes anteriores à década de 90. Em pouco tempo juntaram 4373 pessoas em torno desta exigência.
Agora, o anúncio do ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, deixa-lhes muitas dúvidas. Guilherme Blanc funciona, hoje, como porta-voz dos colegas. "Pelo que li, parece-me que é uma decisão diplomática e que tem como intenção primeira agradar a gregos e a troianos da cidade, mas que vai pôr em causa o corpo, a consistência e coerência do projecto. Se é que é um projecto", diz o estudante, actualmente, a tirar um mestrado em Londres. O facto de a cidade poder usufruir de um espaço para ver filmes antigos não é esquecido pelo Circuito e Guilherme classifica essa possibilidade como "o mais importante, independentemente da solução que se venha a encontrar", mas esse lado positivo não apaga as dúvidas deixadas pelo anúncio do ministro de que o pólo da Cinemateca no Porto funcionaria em três espaços distintos e exibiria filmes oriundos do Arquivo Nacional de Imagens.
"Sob nenhuma perspectiva isto consubstancia um pólo da Cinemateca", defende Guilherme Blanc, para quem o modelo apresentado pelo ministro representa "um retrocesso político". "Em Julho, o ministro admitiu que um pólo da Cinemateca no Porto era uma iniciativa de extrema importância. Em Serralves, diz publicamente que a cidade vai ter uma Cinemateca autónoma e agora, pelo que diz, nem é uma coisa nem outra. Há aqui o defraudar de expectativas de muitas pessoas", diz o porta-voz do grupo de estudantes. A opção de espalhar o pólo da Cinemateca por três espaços distintos "põe em causa a coerência do projecto a médio prazo", afirma Guilherme Blanc, que teme que a opção ministerial não tenha pernas para andar. "Tem que se zelar pela coerência e um projecto sustentável, para que daqui a dois anos não voltemos a ficar sem cinema no Porto", desafia. E, diz, o projecto "sem coerência nem consistência" do ministro pode levar a isso mesmo.

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