sábado, 4 de outubro de 2008

Pedro Baptista rejeita que o PS-Porto seja trasformado numa máfia

(Público) 03.10.2008 - 21h10 Margarida Gomes
O ex-deputado e candidato à liderança da Federação Distrital do PS portuense, Pedro Baptista, diz que, mais do que servir as pessoas, o seu opositor, o deputado Renato Sampaio, tem como objectivo servir o partido, mas adianta que “um partido que tem como objectivo servir-se a si próprio não passa de uma máfia”. E acrescenta que “esse não é o meu partido. O meu PS é o que luta pelas pessoas, pela justiça, pela liberdade, pelo progresso sustentado e equilibrado, pelos mais nobres e avançados ideais”.
Numa violenta carta que escreveu a Renato Sampaio, líder do PS-Porto, o ex-deputado socialista acusa-o de “fugir aos desafios” que lhe tem colocado para discutir a cidade e o partido por “ter medo de debater”. “Um candidato que tem medo de participar em debates deve demitir-se”, proclama. Na carta, Pedro Baptista diz que não concorda com o líder federativo quando este diz que os debates seriam um “circo mediático”.“Você sabe o que anda a dizer?”, pergunta, aconselhando-o a “não utilizar as palavras de que não conhece o significado, sob pena de se ridicularizar” E não resiste a confrontá-lo: “Os debates de Sócrates e Santana que lançaram um e outro, foram um circo?”.

Demolidor do princípio ao fim da carta, o candidato refere que Sampaio “acha que a democracia é um circo, porque nunca lutou por ela, aproveitou os seus aspectos mais sombrios – os que qualquer regime tem porque são os umbros do homem – para se alcandorar por corredores, vielas e alçapões da distribuição ou promessa dos poderes, ao controlo soez do aparelho. Por isso não lhe dá valor. Por isso diz que não aos debates, porque o debate de ideias não passa de um circo”.

Baptista amarra depois o deputado às posições que defendeu no Parlamento para dizer que elas “tiraram peso ao partido no Porto”. “As suas ideias no Parlamento têm-se resumido a tentar legislar totalitariamente sobre piercings ou em abolir contadores de água que já haviam legalmente sido substituídos por taxas. As suas ideias são ridículas, têm ridicularizado o Porto, tirando ainda mais peso ao PS do Porto”, escreve.

“Vedetas”

Sem nunca mencionar o nome do líder na carta, tratando-o sempre por “você”, o ex-candidato do PS à presidência da Câmara de Gondomar, afirma ainda que para o actual dirigente federativo “os verdadeiros debates são a exibição de vedetas vindas da capital par virem dar lições técnicas que ninguém está em condições de questionar ou rebater, ouvirem as perguntas convenientes e previstas geralmente de outros ‘técnicos’, serem aplaudidos, num ambiente em que o debate livre, a expressão dos militantes é impossível”. “Esses pseudo-debates não são um circo, são uma farsa completa”, afirma, considerando que o “problema profundo que tem em relação aos debates” é também um problema profundo em relação à democracia, ao relacionamento com os militantes, com as bases com que não lida porque o que lhe interessa é apenas o aparelho que as controlam”, insurge-se. E é com alguma ironia que diz:”Desconfio que se enganou na opção política, mas talvez não seja tanto assim, Talvez precise de ajuda. É o que estou a fazer ao desafiá-lo, pela terceira carta, para dois ou três debates públicos sobre o Porto e o seu PS”.

Nas três páginas que a carta ocupa, o candidato não deixa passar em claro as declarações de Renato Sampaio que o comparou a Rui Rio e, a esse propósito, faz questão de esclarecer que “quem me conhece, quem segue as minhas intervenções na rádio, nos jornais ou na campanha [para a Federação do PS-Porto], sabe como enfrento Rui Rio”. Imparável, aproveita para acusar Renato de ter desperdiçado a oportunidade de, como deputado municipal, confrontar Rui Rio. “Você que se fez eleger deputado municipal e nunca lá pôs os pés, nunca abriu a boca contra Rui Rio quando tinha ali um palco privilegiado” E dispara: Com o seu servilismo em relação ao poder da capital, foi você, é você, que entrega as bandeiras de luta regionais, que sempre foram do PS, ao Rui Rio e ao PSD”.

Para o fim ficou “preocupação” do líder federativo com a Regionalização. “Até agora nunca esteve preocupado com a Regionalização, deixou que o assunto se enterrasse no PS durante três anos, mas agora lembrou-se - ou lembraram-lhe – de se armar em seu paladino, para dar a ideia de ser o que não é”.

O PÚBLICO tentou uma reacção do deputado e actual líder distrital, mas Renato Sampaio disse não poder comentar por não ter lido ainda a carta.

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