domingo, 31 de agosto de 2008

Trabalhadores norte-americanos e ingleses criam central sindical única

(Agência Inter Press Service)
Trabalhadores do Aço Unidos (USW), dos Estados Unidos, com um milhão de filiados, e Unite the Union, a maior central sindical da Grã-Bretanha, com mais de dois milhões de associados, anunciam este mês sua fusão, lançando por terra a crença de que os negócios são globais e o trabalho preocupação apenas local.
A intenção é aumentar a capacidade de pressão para impedir a perda de empregos ameaçados pela globalização econômica, bem como a sua delocação para países onde se paga salários menores e onde os trabalhadores têm menos proteção.
O novo sindicato reunirá mais de três milhões de trabalhadores da indústria manufatureira, do transporte, da energia e do sector estatal britânico e norte-americano, com ramificações na Irlanda, no Caribe e no Canadá. O processo deverá no futuro integrar sindicatos da América Latina, Europa oriental e Ásia, segundo porta-vozes das organizações envolvidas.
“Necessitamos de um sindicato global para negociar eficazmente e de igual para igual com as muitas empresas globais onde trabalham muitos de nossos filiados”, disse Derek Simpson, secretário-geral-adjunto da Unite, entrevistado por uma emissora de rádio dos EUA.
Paul Howes, secretário nacional do Sindicato de Trabalhadores Australianos (AWU), o mais antigo de seu país, participou das conversações pela fusão, cujo processo formal pode demorar uma década, segundo disse o dirigente ao jornal The Sydney Morning Herald. Enquanto isso, a AWU buscará alianças estratégicas, acrescentou.
Sindicatos da África, Ásia, Europa e América uniram-se para pressionar governos e instituições internacionais desde a década de 90, para impedir a perda de empregos, minimizar o efeito da crise financeira no mercado mundial de trabalho e opor-se à privatização de empresas. Parte desta tarefa esteve a cargo da Confederação Internacional de Organizações Sindicais Livres (Ciosl), que em 2006 se fundiu com sua antiga rival, a Confederação Mundial do Trabalho (CMT), para formar a Confederação Sindical Internacional (CSI).
O Sindicato Internacional de Empregados de Serviço, com sede nos Estados Unidos e 1,9 milhão de filiados, também propõe a união internacional de trabalhadores da saúde, segurança e do setor público. Como em outros casos, o seu principal objectivo é desbaratar tentativas empresariais de desolocalizar operações para países com menor custo laboral.
Por outro lado, AWU, USW, a brasileira Confederação Nacional de Trabalhadores do Metal, a sul-africana Mineiros Unidos, sindicatos russos e a britânica Amicus (integrante da Unite) somaram esforços para negociar internacionalmente com a Alcoa, terceira produtora mundial de alumínio, com sede nos Estados Unidos.
Cada vez mais sindicatos acreditam que somente organizações internacionais que lançam ameaças concretas de greve mundial poderão ficar ombro a ombro com as empresas que pretendem mudar o local e os empregos.“As companhias multinacionais pressionam os salários e as condições de trabalho para baixo, ao compararem os trabalhadores de um país com os de outro”, disse no ano passado Simpson, então secretário-geral da Amicus antes da criação da Unite.

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