sábado, 28 de junho de 2008

Colóquio internacional sobre Adolfo Casais Monteiro na Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Porto, 28 de Junho (Lusa) - O poeta, romancista, crítico e ensaísta Adolfo Casais Monteiro vai ser homenageado com um colóquio na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), a 4 de Julho, dia em que se assinala o centenário do seu nascimento.
O colóquio decorrerá durante todo o dia, com a participação de vários professores universitários, ensaístas e outros estudiosos oriundos do Brasil, Espanha e Itália, além de Portugal.
"Vão ser apresentadas 15 comunicações incidindo sobre várias facetas da obras de Casais Monteiro", disse à Agência Lusa, o professor Arnaldo Saraiva, do Departamento de Estudos Portugueses e Românicos da FLUP, entidade responsável por esta iniciativa.
"A iniciativa assinalará igualmente uma grande figura portuense e também um intelectual digno do seu tempo", sublinha ainda Arnaldo Saraiva.
Os brasileiros Leyla Perrone-Moisés e Maria Aparecida Ribeiro, o espanhol António Sáez Delgado, a italiana Maria Bochicchio e os portugueses Fernando Cabral Martins, Fernando Guimarães, Fernando Martinho, Rui Lage e o próprio Arnaldo Saraiva estão entre os participantes aguardados neste colóquio.
(...) Adolfo Victor Casais Monteiro nasceu no Porto, licenciou-se em Histórico-Filosóficas na antiga Faculdade de Letras local e deu aulas no Liceu Rodrigues de Freitas, na mesma cidade, actividade de que foi afastado por motivos políticos.
Juntou-se ao grupo da conhecida revista literária "Presença", de que foi aliás um dos três directores, com José Régio e João Gaspar Simões. Fez-se amigo de Fernando Pessoa, correspondeu-se com ele e, em 1942, organizou e prefaciou uma elogiada antologia poética do autor de "Mensagem", que conheceu sucessivas reedições.
Casais Monteiro exilou-se no Brasil em 1954 "por motivos políticos, mas não apenas por esses", segundo Carlos Leone, que também integra o elenco de participantes no colóquio promovido pela FLUP.
A ida para o Brasil "deveu-se sobretudo a um desejo de liberdade, não só dos poderes de facto em Portugal mas também face aos meios da oposição portuguesa, que percebeu serem pouco apropriados a heterodoxos como ele", defende Carlos Leone.
Casais Monteiro nunca mais voltou a Portugal. Morreu no Brasil, a 24 de Julho de 1972.
"Distinguiu-se, sobretudo, como crítico e ensaísta", sublinha Arnaldo Saraiva. Foi poeta e publicou um único romance, em 1945, intitulado "Adolescentes".
Uma das suas obras mais conhecidas é "Europa" (1946), longo poema lido por António Pedro aos microfones da BBC de Londres ainda durante a segunda grande guerra.
"Europa" mantém uma actualidade desconcertante, como pode verificar-se através dos primeiros versos: "Ó Europa, sonho futuro! Europa, manhã por vir, fronteiras sem cães de guarda, nações com seu riso franco abertas de par em par! Europa sem misérias
arrastando seus andrajos, virás um dia?".

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