segunda-feira, 19 de maio de 2008

Os galegos não querem falar castelhano

Todo o apoio, daqui do Sul da Galécia, à luta dos nossos irmãos do Norte, pela sua identidade nacional. Não é por acaso que temos, na nossa Praça da Galiza (Porto), um tão belo monumento à grande poeta galega Rosalia de Castro!

JOÃO ABREU MIRANDA / LUSA (JN) 19.05.2008
Milhares de manifestantes percorreram ontem as ruas de Santiago de Compostela, na Galiza, em defesa da língua galega, criticando a alegada tentativa estatal de impor o uso do castelhano naquela região autónoma espanhola. Sob o lema "Pelo direito de vivermos em Galego", os manifestantes, cerca de 25 mil de acordo com a organização, não temeram o fim de manhã chuvoso e responderam ao apelo lançado pela Mesa pela Normalização Linguística. Tanto o presidente desta instituição, Carlos Callón, como o vice-presidente da Xunta da Galícia (a autarquia local), Anxo Quintana, classificaram esta marcha como histórica. "O que nós exigimos, acima de tudo, é o reconhecimento da condição internacional da nossa língua, que é falada por centenas de milhões de pessoas no mundo, quer como língua nativa, como é o caso dos galegos, quer como língua oficial de oito Estados", disse, Alexandre Banhos Campo, um dos principais mentores desta manifestação, citado pela agência Lusa. "A nossa língua não é regional nem dialectal, mas sim internacional. O galego é o português da Galiza, e o que nós queremos é que o galego se confunda com o português, mantendo, obviamente, as suas especificidades próprias", acrescentou. O castelhano e o galego são línguas oficiais de Espanha, mas em 2004 foi aprovado o chamado Plano de Normalização Linguística, a que Alexandre Campo prefere chamar "plano de substituição linguística". "O que nós assistimos é a uma brutal imposição do castelhano em tudo quanto é serviço público, para tornar o galego desnecessário ", realçou. Os dados estatísticos mais recentes indicam que 90% dos galegos com mais de 65 anos falam português da Galiza, mas essa percentagem é muito reduzida entre os que têm menos de 20 anos. Para inverter esta tendência, os participantes nesta manifestação exigiram também a tomada de medidas para a recepção das rádios e televisões na Galiza, conforme proposta já aprovada no Parlamento espanhol.

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