quinta-feira, 22 de maio de 2008

E mudar as coisas?

A propósito da belíssima crónica do Manuel Carvalho abaixo publicada, o grande problema é que diz-se, escreve-se, protesta-se com base nas verdades mais elementares e não acontece nada. É tudo inconsequente. O Terreiro do Paço já está habituado aos nossos queixumes ou mesmo explosões justificadamente coléricas. Ri-se ou encolhe os ombros. Acham a coisa mais normal do mundo, ser o país a pagar as obras na cidade de Lisboa por ser a capital, como acharão natural que o investimento público previsto seja de 35% para Lisboa, 6% para o Porto, 5% para Braga, 4% para Aveiro. Acham a coisa mais normal do mundo encherem os ecrãs do espectro televisivo nacional com os seus problemas locais. Os seus problemas locais não são locais, são nacionais, pela razão simples de aquilo não ser um local, ser a nação. Como acharão normal que se diga que chove porque lá chove independemente de fazer sol em todo o país. O problema não é a constatação desta evidência. Nem sequer percebermos que o centralismo é o responsável primeiro pela desgraça da economia compensada pela impetuosidade do fisco, que o centralismo está a destruir este país, que todos esses usufrutuários dos desvios dos fundos nacionais para os locais dos seus interesses são autênticos autores de crimes de lesa-pátria.
O problema é como acabar com este estado de coisas! Como passar do queixume ao protesto! Do protesto ao clamor! Do clamor à vitória, salvando o país, do abismo ou do caixote de lixo para onde se dirige inexoravelmente... Nós sabemos como é. O que é preciso, é que todos o saibam também, sem ser preciso vir dizê-lo. Apenas por pensá-lo, por senti-lo e, consequente, por agir. Por agirmos, unidos por uma vez, como já não acontece há tantos anos, talvez há quase um século... P.B.

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