segunda-feira, 31 de março de 2008

PS/ Madeira:voto de protesto contra Jaime Gama


Haverá certamente exagero nas declarações sobre "Democracia" na Madeira por parte de Jaime Gama, legível para quem conhecer o deleite a que o presidente da Assembleia da República se entrega quando lhe dá para a ironia provocatória visando exactamente quem acha que deve ser visado...

Nas no resto, quando fala do sucesso da autonomia no desenvolvimento madeirense, significa que o ilhéu camarada Gama parece perceber uma coisa que os socialistas e quase toda a esquerda portuguesa nunca percebeu: é que as autonomias regionais são mesmo de esquerda, são uma conquista descentralizadora da democracia e foi pela esquerda jacobina e centralista que nos domina nunca ter percebido isto, que a bandeira regional caiu nas mãos de homens da direita. Incluindo nas de um homem combativo como Jardim, tal como afirmou Gama. Ou quem acha que não?

Tal como a regionalização! Diria mais, podendo ser polémico - o que terá a vantagem de aumentar as consultas ao blog: Há autonomias regionais, que são um grande sucesso progresso dos antigos colonatos porque houve homens a lutar por elas com apoio popular; não há regionalização porque ainda não conseguimos isso... Mas só temos de nos queixar de nós próprios, nomeadamente das nossas ilusões de não querermos perceber que só conseguiremos a regionalização com uma luta tão árdua quanto a dos madeirenses e dos açoreanos, uma vez que nenhuma liberdade é dada, toda ela é conquistada.

E como já se viu os centralistas dos diversos partidos, incluindo do nosso, mais os seus servuntuários permanentes, lutarão até à última gota de demagogia, para manterem este país como um centro macrocéfalo de um deserto cada vez mais arenoso... Mas em que eles se possam sentir no oásis. Até, claro, à inevitável implosão.



30.03.2008 - 17h08 Lusa
A Comissão Regional do PS/Madeira aprovou hoje um voto de protesto contra os elogios do "camarada Jaime Gama", na qualidade de presidente da Assembleia da República, ao presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim. A comissão considera que o socialista “ofendeu todos os cidadãos deste país, particularmente aqueles que, na Região Autónoma da Madeira, têm sido severamente prejudicados, no seu corpo e na sua alma, pelo exercício autocrático do poder regional vigente, já lá vão trinta anos"."Elogiar alguém que tem perseguido madeirenses, ofendido sistematicamente os seus adversários políticos, atentado constantemente contra a unidade da Pátria e atacado sucessivamente, muitas vezes de forma boçal, os titulares de órgãos de soberania e os mais altos detentores de cargos políticos deste país é no mínimo uma falta de respeito para com os princípios indeléveis que enformam o socialismo democrático, como sejam a Liberdade e a Democracia, a que todos estão vinculados quando aderem ao Partido Socialista, quanto mais um dos seus fundadores", acusa o PS no voto de protesto dos socialistas madeirenses, aprovado por unanimidade na Comissão Regional. Em conferência de imprensa, o presidente da Comissão Regional do PS/M, António Rosa, acrescentou que o partido "tornou este protesto público porque os madeirenses já aprenderam que os erros políticos não devem ser repetidos. Já basta que na altura de António Guterres tenham vindo à Região inúmeros ministros para fazerem a propaganda de Alberto João Jardim". O dirigente sublinhou o "grande passado político de Jaime Gama" mas diz não entender o seu discurso quando foi ele próprio quem, em 1992, "comparou Alberto João Jardim a Bokassa", antigo ditador e auto-proclamado imperador da República Centro-Africana.Aliás, o dirigente socialista madeirense deu um exemplo do estado da democracia na Região, lembrando que na própria Mesa da Assembleia Regional, a que o PS/M tem direito a uma vice-presidência, até agora o PSD maioritário tem chumbado o nome proposto pelos socialistas, ao contrário do que sucede na Assembleia da República, onde há uma Mesa plural. António Rosa, questionado pelos jornalistas, rejeitou a ideia de que as afirmações de Jaime Gama "representem falta de solidariedade do PS nacional ao PS regional" ou que seja algum tipo de retaliação por algumas posições contrárias que têm existido entre estas duas estruturas: "Penso que não, não estão em causa o direito de cada um ter as suas divergências políticas".

Também já no sábado, o presidente do PS/M, João Carlos, comentando as afirmações elogiosas de Jaime Gama para com Alberto João Jardim, exclamou que "todos os presidentes do PS/M, no passado e no futuro, terão que ter muita paciência. O exercício de ser presidente do PS/M é um caminho para a Santidade". Na sexta-feira passada, durante a visita à Região do presidente da Assembleia da República, no âmbito do Congresso da Associação Nacional de Freguesias, o socialista Jaime Gama, afirmou que Alberto João Jardim "é um exemplo supremo na vida democrática e do que é um combate político combativo". O progresso existente na Região, disse ainda, "é um trabalho notável, é uma conquista extraordinária, é uma obra ímpar e isso deve ser reconhecido". "A Madeira é bem o exemplo com Democracia, com Autonomia, com a integração Europeia de um vasto e notável progresso no país", afirmou. "Mas toda esta obra historicamente tem um rosto e um nome e esse nome é o do presidente do Governo Regional da Madeira, a quem quero prestar uma homenagem, na diferença de posições, por esta obra e este resultado".Na sala onde se realizava a reunião da Comissão Regional dos socialistas madeirenses, pelos tons exaltados dos seus elementos, era bem patente a revolta que as declarações de Jaime Gama provocaram no PS da região.

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