sábado, 23 de fevereiro de 2008

A Falência

Paulo Ferreira
O Porto encabeçou em 2007 a lista dos distritos com maior número de falências de empresas, tendo em Aveiro e Viseu (por esta ordem) os companheiros neste pódio da desgraça. Não apenas mas também por isto, o Norte voltou a ser, no ano passado, a região com mais alto nível de desemprego. Avolumemos o susto em 2000, a taxa desemprego no Norte era de 3,7%; em 2007 foi de 9,4%. Mulheres, pessoas com mais de 45 anos e jovens licenciados são as principais vítimas do fenómeno. As principais, porque o facto de a Região Norte ter deixado de ser, em apenas duas décadas, uma das dez mais importantes regiões industriais da Europa para passar a ser a quarta região com menor nível de produção de riqueza toca a todos. Paulo Gomes, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR-N), acha que o caso é "preocupante". Qualquer indígena com dois dedos de testa acha o mesmo. Carlos Lage, presidente da CCDR-N, entende que a solução está nas exportações. Verdade. Mas também está, como nota Paulo Gomes, na aposta na requalificação do "capital humano", na capacidade de as empresas competirem lá fora, na ligação destas às universidades… E por aí fora, num desfiar de saídas já muito estudadas e discutidas.O problema está, contudo, a montante. Está na política. É muito difícil imaginar outro tema em que a conjugação de esforços entre quem supostamente representa a região seja tão necessária. Ocorre que, além do fogo-fátuo das intervenções no Parlamento ou de fugazes conferências de imprensa que apenas servem para "picar o ponto", nada disto parece constar do calendário de preocupações das estruturas partidárias. O Norte afunda-se a cada ano que passa, apesar de o primeiro-ministro ver promissores sinais nos sectores tradicionais. O Governo assobia para o lado - e é seguido na atitude por quem deveria gritar alto. O favor que o centralismo presta e cobra com juros elevados retrai uns. E a ideia de que, quanto pior, melhor favorece, no curto prazo, outros. No meio há uns milhares de pessoas a passar dificuldades. Com a vida falida. Facto pouco relevante. JN 23.02.2008

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